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quarta-feira, 20 de abril de 2011

A short stories about ordinary people


Story number one: a tail of a city
Cauma, a cidade do Sacrificado Nome de Nossa Senhora. A mui plebeia e nem sempre leal cidade de Cauma. É a história desta cidade que hoje aqui me traz à presença de vossas senhorias.
Àquela época, era para lá dos confins do Mundo, ultrapassadas que estavam as terras de Preste João, herói enigmático e acidental na História patriarcal. Para lá das Índias e Ceilão. Um ano para lá chegar.
Três ou mais levou Michelli Brandoni, explorador e cronista napolitano, tomado também como conselheiro, ao serviço de Sua Alteza Real El-Rei D. Manuel, a regressar ao reino e junto de seu Senhor lhe dar as boas novas.
Mal atracada estava a nau ao porto de Belém quando uma coche Real conduzido por homem de sua confiança e guardado por guardas do paço, levaram o nosso cronista directamente da abjecta nau à presença de Nosso Senhor.
Conduzido aos aposentos Reais, observou Michelli Brandoni com largo sorriso nos lábios que o jovem príncipe, D. Sebastião, ganapo dos seus cinco anitos, cavalgava em fúria uma sua criada enquanto com uma espada de pau desancava outra enquanto gritava: " – Toma! Toma, mouro infiel! "
D. Manuel observava o futuro Rei embevecido e dizia " – Ai que lindo menino! Tão lindo quanto o Sol que nos ilumina a todos. Senão mais ainda. Luz que ilumina nossas almas e conforta."
- Vinde, vinde. Por aqui meu cronista geral e fiel conselheiro. Ui, que tresandas que nem um porco. Safa!
- Perdoai-me senhor. Pois de viagem sou chegado e nem tempo de respirar os bons ares da Vossa cidade eu tive…
- Nem de visitardes as putas da calçada do castelo. Ah! Ah! Ah! Meu malandro. Sossegai que assim sejam boas as novas que me trazedes e ordenarei a uma das empregadas que vos lave por fora e por dentro. Ah! Ah! Ah!…
Ai tão bom Senhor que era….
- Mas dizei-me meu bom Michelli, como é esse novo lugar a que tu e teus companheiros chegaram? Cauma!? Mas que raio de nome…
- Saiba Vossa Senhoria que entre nós ía um Vosso fiel servidor recrutado no Brasil, um índio convertido que são os que mais fé revelam nos piores momentos.
No preciso momento da nossa abordagem àquela praia, se levantou forte borrasca que nos atirava a todos de um lado ao outro da embarcação, no meio de total desorientação ergueu-se rezando a voz do índio Manuel José e por entre suas preces dizia " – Cauma xente! Cauma! Nossa Senhora Mãe de Deus vai nos salvar." E assim fomos todos chegados a terra em razoáveis condições de saúde sãos e salvos. Daí nos recordando das palavras do índio Manuel José, o capitão Almirante Pêro Alvarez de Saco com a bênção do Padre Emanuel Teixeira, resolveu logo ali nomear aquele local de Cauma.
- E as gentes?
- Alguma da pior escumalha de corruptos e putéfias que na Índia e Malaca havia para lá os levámos forçosamente. Mas mal chegados logo por bem se estabeleceram e começaram a negociar com os nativos que por ali aparecem.
- E esses?
- Canalha ainda pior que a nossa. Reles piratas, ralé da gatunagem procurando fugir à justiça do Imperador da Sina e alguns pobres pescadores que naquele porto procuram abrigo. Enfim Senhor, uma chusma de gente corrompida e que pelo dinheiro tudo faz. Alguns em paga de um ou outro favor até a esposa oferecem como paga. Direi que a cidade tem tudo para vingar e se tornar próspera. Essa gente, ao contrário do que os Romanos diziam de Vossos antepassados Lusitanos, sem ofensa Meu Senhor, estas gentes governam-se e deixam-se governar.
- E da Sina?
- Bem, o Mandarim de Santão sabendo da nossa chegada enviou uns emissários para nos expulsarem pois diz que aquelas terras pertencem ao Imperador da Sina. Mas após árduas negociações e alguns pagamentos em géneros que transportáramos desde a Índia, lá se chegou a acordo que trago para Vossa Alteza corroborar com Vosso Real sinal e em poucas palavras trata o seguinte: eles permitem a nossa permanência para nos dedicarmos ao negócio, dentro de certos limites, mediante o pagamento de uma tença anual ao mandarim de Santão.
- E tu achas que Eu, Sua Alteza Real de Portugal e dos Algarves e de outras terras mais, me deva submeter a tal acordo?
- Se me permiti, acho que sim Vossa Alteza. Aquela terra, com aquela gente, tem tudo o que necessita para prosperar. E fica lá longe do Vosso olhar pelo que o que eles fazem não vos fere a vista. Depois, pode Vossa Alteza doar-lhes uma espécie de autonomia: nomeia uns quantos deles nobres, que constituam uma espécie de conselho, esse conselho que pague ao mandarim a sua tença e a Vossa Alteza a honra de continuarem a ser portugueses, filhos do vosso imenso Império.
- Ah meu bom Brandoni! Que seria eu sem ti. Ah! Ah! Ah! Vai lá à cozinha e escolhe a moçoila que mais te agrade e ela que te prepare um bom banho que estás precisado….
jaime crespo

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