Litterae et una vita et idem.

A Literatura e a Vida são unas!

domingo, 25 de novembro de 2012

incertezas da vida



por ser verdade, me assumo e divulgo:
sei que não sou uma pessoa fácil, mas também estou longe de ser homem de trato complicado. as complicações tenho-as na cabeça, na ordem das ideias.
confesso que politicamente tenho uma posição dificil de defender e de me movimentar. estou assim só,  num caminho solitário.
situo-me entre o trotskismo da IV internacional e o anarco-sindicalismo da cnt.
do trotskismo separa-me a questão do partido único, dos anarquistas a organização social.
dos primeiros penso que o partid0o único conduzirá inevitavelmente a uma ditadura totalitária, dos segundos, a falta de uma estrutura social forte, chame-se estado ou outra coisa qualquer, levará inevitavelmente ao domínio dos mais fortes sobre os mais fracos.
são duas lições que retirei da História.

entre estas nuvens duvidosas do pensamento e a falta de certezas que completassem o puzzle das minhas dúvidas, surgiu-me no horizonte o bloco de esquerda como uma organização política aparentemente afetada pelas mesmas dúvidas que eu e inflamada de uma modernidade que aparentava quebrar o gelo político que divide as chamadas esquerdas e empurrar para o devido lugar, as páginas da História a velha e novas direitas.
entre as minhas contradições, aderi ao bloco, saí por dá cá aquela palha, readeri, voltei a sair e voltei a pedir a adesão...
reconheço-lhes todo o direito a dizerem-me "eh pá, vai tratar-te para outro lado, ao psiquiatra, por exemplo, e depois volta a falar connosco".
responderia como Vasco Santana: "comprendido!"
esperei o tempo suficiente por uma justificação, ou antes por um simples aviso da decisão de recusarem o meu pedido.
nem decisão, nem justificação, apenas a cobardia do silêncio. soube da decisão por intermédio de terceiros.
estive para calar, mas como os políticos e suas organizações medram na medida em que nós vamos consentindo todos os atropelos, todas as cobardias, todos os silêncios... tenho que vir declarar que o bloco de esquerda por detrás de toda a fachada de modernidade, não passa de mais uma organização política igual a todas as outras, quer apropriar-se das nossas consciências, convive mal com a divergência e muito bem com aqueles que apesar de medíocres seguem a voz do dono.

e assim o país vai de carreirinho

saudades de ti...


sou assim, um sentimental inveterado. dois dias de chuva continuada bastaram para trazer o saudosismo de volta à minha memória. e recordo-me dos amigos que fiz em portalegre nos tempos de estudante. da escola de são lourenço, do liceu, do magistério... dos cafés facha, central, alentejano e tarro, alguns ainda do plátano. da tasca marchão, escondidinho, do david, painel e outros dos quais já o nome me não vem à lembrança.
dos amigos vem-me um esboço, por vezes já esbatido, de adolescentes primaveris de 15, 16, 17, 18, anos, já não tenho nomes para os rostos nem rostos para nomes. é o pagamento em memória que a vida nos cobra.
juntos descobriamos a bebida, a droga, o amor, o sexo, a vida...
felizmente, todos se fizeram homens e mulheres cada qual, como convém, à sua maneira...
só eu, apenas eu, continuo o mesmo adolescente imberbe e impuro, incerto, volátil, deficiente no seu não crescimento.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012


Demolições violentas neste momento a ocorrer na Amadora, bairro de santa filomena

A Câmara Municipal da Amadora enviou hoje um grande batalhão policial para o Bairro de Santa Filomena e continua a desalojar para a rua sem qualquer alternativa famílias que vivem neste. No grupo hoje desalojado há pessoas idosas, há pessoas com problemas graves de saúde, há crianças. Não há qualquer respeito pela dignidade das pessoas nem há responsabilidade para assegurar a protecção destas famílias que tendo rendimentos reduzidos não conseguem aceder ao mercado livre de habitação. O que a Câmara está a fazer é um atentado contra a vida das pessoas e um absoluto desrespeito pelos direitos fundamentais e pela vida humana.
A Câmara da Amadora mente quando diz que analisou e ofereceu alternativas às famílias. A única alternativa que ofereceu foi a rua, a bem ou a mal.

A Comissão de Moradores do Bairro e o Colectivo Habita condenam as demolições sem alternativas e vão denunciar e lutar contra o que considera como atentado contra a vida humana.

Contactos
Colectivo Habita: Rita Silva 966035893
Comissão de moradores Eurico Cangumi 927737710

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

nas nossas mãos




não fosse triste e até achava piada aos economistas e outros comentadores sistémicos que apelidam a alternativa de renegar o tratado da troika e rejeitar o jugo da união europeia sobre a soberaqnia dos povos como a alternativa do caos. olhem que não, olhem que não, os países que assinaram acordos com a troika e declinaram a soberania dos seus povos ao domínio da união europeia é que vivem um verdadeiro caos. assim, a rejeição do tratado e a recuperação da sua soberania pelo povo é sim uma alternativa ao caos.
poderá até ser um caos, mas será um caos outro. não será o caos dos banqueiros e especuladores financeiros, será o caos gerido pelo povo. é disso que eles têm medo: que o povo tome o seu destino nas suas mãos.

sábado, 10 de novembro de 2012

Bipolaridade política


Ouvi  algumas aegações irónicas proferidas, hoje, na convenção do Bloco de Esquerda as quais tomo a liberdade de comentar:
Complexo do dito pelo não dito – foi repetidamente alegada a urgência de formar um governo de esquerda sem o P.S., o que estas afirmações querem dizer na realidade é que os dirigentes do Bloco não desejam governo de esquerda nenhum, eles na realidade, tomando esta posição irredutível, querem é que a direita continue a governar Portugal, ainda por cima chegam atrasados em relação ao P.C.P. esta tem sido a tática política deste partido desde pelo menos o 25 de abril, esta hostilização do P.S. à esquerda empurrou-o taticamente para a direita, claro que as políticas de direita tomadas pelos governos do P.S. são da sua responsabilidade mas não só;
Complexo da nuvem por Juno – nesta linha, confundir o P.S. com a direção de José Seguro é como tomar Coelho, Portas, Gaspar, Relvas ou o dr. Cavaco por todo o povo português;
Complexo visionário – foi badalada a emergência de uma grande esquerda, ou uma esquerda grande, visionarismo puro na linha de Santa Teresa de Ávila ou de Savonarola, demonstra ainda uma mania das grandezas mal digerida pela pequenez a que a realidade os remete;
Complexo da mudança eterna – Rosas disse que o país está à beira de uma grande mudança, isto é repetido desde pelo menos o Renascimento e já Camões poetava que “todo o mundo é composto de mudança / tomando sempre novas qualidades”, enfim;
Complexo democrático – foi dito que o Bloco quer derrubar este governo e a convocação de novas eleições, se as eleições representassem uma mola viável de mudança estaria de acordo, mas a mudança só acontece com a mudança de mentalidades e particularmente com a mudança de atitudes e práticas políticas que o povo espera da parte das organizações políticas e das quais o Bloco de Esquerda tem mais responsabilidades que outro qualquer uma vez que apareceu como a força política da modernidade mas revelando afinal que não passa de mais do mesmo, a mediocridade geral e a esperteza saloia como prática política, assim o fosso entre eleitores e partidos ou eleitos alargar-se-á irremediavelmente pois o que lhes é oferecido é mais do mesmo.
jaime crespo