ISTO DE VIVER É FODIDO
num destes dias, acordo,
tenho cinquenta anos, e uma vida
cavalgando-me as costas.
estou cansado, muito cansado,
um velho de setenta anos desdentado,
usando fralda.
desvanecem da juventude todos os sonhos,
radicalmente esfumados num último cigarro.
vou à janela
e corro os olhos pela longitude,
as luzes retiram-me os sentidos e os sentimentos
que nunca retive
e aquela que nunca tive, juventude
homem vertical,
procuro um plano horizontal.
e é então que encomendo a todos os antigos deuses:
por favor, não me permitem cinquenta dias mais.