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domingo, 22 de maio de 2011

Orhan Pamuk, o meu nome é vermelho - uma leitura


Finalmente, devido a contingências várias, completei a leitura desta obra, quase três anos após ter iniciado a leitura.
Um dos fatores que terá atrasado esta leitura e não displicente foi o fato de ter mais tempo para saborear a intriga, o romance, a trama, as frases, palavra a palavra do manancial escrito.
De fato, para mim, foi uma das melhores obras que me foi dado ler nos últimos tempos.
E sobre ela o que poderei dizer mais que é uma delícia?
Pouco ou nada, tudo o que acrescentar venha só lhe retirará valor…
Poderei dizer que estamos perante uma obra que representará para a Turquia e o Oriente o que representou para o cânone literário ocidental "o nome da rosa" de Umberto Eco. E as afinidades são algumas. Apenas afinidades. Também esta obra coloca em confronto duas visões do mundo: a (pretensa) visão de Deus e o modo de ver profano, humano.
Quando todo o Ocidente europeu vivera o choque renascentista, se humanizou e se prepara já para enfrentar as Luzes, temos uma Istambul, capital do império Otomano, que se prepara para as celebrações do milénio (em anos lunares) da Hégira e cujos pintores se encontram perante o desafio a aceder a uma nova pintura, humana, como se pratica no Ocidente e lhes chegam notícias sobretudo através dos contactos com Veneza, e o apelo da tradição que manda pintar do mesmo modo, a visão de Deus, as coisas mundanas.
É um conflito duro, de levar à morte e perante o qual ninguém pode ter certezas sobre nada.
E é quanto a mim a principal dádiva que este romance fresco nos oferece: a dúvida.
Dúvida de como devemos dirigir a nossa vida, dúvida nas escolhas culturais a fazer, dúvida até perante o objeto do amor e que se ama.
Alegremo-nos, os tempos dos bons romances estão de regresso.

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